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8. A reparação social

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A REPARAÇÃO SOCIAL

Pe. Joãozinho, scj

            Jesus, manda teu Espírito

para transformar o meu irmão!

 

Quando tive a inspiração de fazer esta canção logo percebi que a gravaria em um disco, mas nunca imaginei que ficaria tão gravada no coração do povo de Deus. Recentemente fiz um show de evangelização em Imperatriz, no sul do Maranhão e desafiei aquelas cinco mil pessoas a cantar esta canção. Pela primeira vez, não pronunciei sequer uma palavra. Ao primeiro toque do violão o povo começou a cantar e foi até o final. Ouvindo o povo cantar, percebi que eu havia feito um pequeno erro na letra. Não se trata extamentee de um erro mas de uma limitação. O refrão insiste em pedir a restauração do "meu coração". Olhando aquela multidão, entendi que a reparação não pode se limitar à dimensão pessoal. Jesus deixou isso muito claro quando nos ensinou a maiospela de todas as orações: o pai-nosso. Percebeu? Ele não disse: Meu Pai! Ele nos disse que o Pai é nosso. Aliás, na segunda parte ele também nos diz que o pão não pode ser somente de alguns privilegiados. O pão também é nosso. Temos um mesmo Pai e partilhamos um mesmo pão. Portanto o cristianismo é a religião que teima em fazer do mundouma grande família de irmãos aonde ninguém seja excluído da mesa. Mas o fato é que muitos irmão vão dormir de barriga vazia. Ainda há fome no mundo. Existe muita gente sem teto, sem terra, sem pão, sem estudo, sem saúde etc. Mas isso é fruto de outros que acumulam demais; são os sem vergonha! Existe um pecado social que tem suas raízes no pecado pessoal. Assim também temos que promover uma "reparação social", que passa que passa pela colaboração de cada um de nós. O papa Leão XIII publicou em maio de 1891 a primeira encíclica social: a Rerum novarum. Esta expressão, em latim, poderia ser traduzida livremente como: "Novidades do nosso tempo". Ele percebeu que a Revolução Industrial estava criando novos tempos e uma nova cultura. O mundo estava polarizado em capitalismo e socialismo. Junto com isso vinham novos problemas, como é o caso da situação de injustiça em que viviam muitos operários. Estamos em um tempo em que nem se pensava em legislação trabalhista. O trabalhador praticamente não tinha direitos. Não se falava, por exemplo, em salário mínimo. Veja como começa este importante documento da "Reparação Social": "A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efectivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito." (Leão XIII, Rerum novarum, nº 1) A Igreja, como mãe e mestra da verdade, ama de igual modo todos os seus filhos, ricos e pobres. Porém, como toda mãe, inclina-se com especial cuidado sobre aquele que está doente ou que se encontra em qualquer situação de carência. Não existe coração de mãe que não veja com lágrimas de sangue um de seus filhos enriquecer e o outro padecer na miséria. Ela gostaria que todos tivessem igual dignidade. Por isso procura promover no mundo a comunhão de todos. Ela sabe que promovendo a comunhão das pessoas entre si e com Deus está anunciando e promovendo a salvação. A reparação social é um começo da salvação na história. Não é a salvação toda, que alcançaremos somente na glória eterna, mas onde um irmão com fome, sede ou frio for restaurado em sua dignidade, ali acontecerá um milagre de salvação. Jesus mesmo anunciou esta verdade no capítulo 25 do Evangelho de Mateus: "Toda vez que você fizer isso a um desses meus irmãos é a mim que estará fazendo". A solidariedade com os irmãos é um critério de salvação. Por isso podemos cantar em clima de reparação social "Jesus, manda teu Espírito, para transformar o meu irmão". A Doutrina Social da Igreja evoluiu nestes últimos cem anos. Cada papa deu a sua contribuição. Pio XI, por exemplo, celebrou os quarenta anos da Rerum novarum, publicando a encíclica Quadragesimo anno, em 1931. Era ocasião para assinalar os avanços sociais promovidos pela Rerum novarum, e colocar em questão o regime econômico de então, polarizado entre capitalismo e socialismo. A Igreja prourava com iss identificar as causas de um certo mal estar social que se vivia na sociedade de então. A ocasião era propícia pois havia terminado a primeira guerra mundial e já se sentiam os rumores da segunda. O capitalismo eufórico recebera um golpe com a crise da bolsa de valores americana em 1929. Era preciso dizer uma palavra, pois como sempre a corda estava arrebentanto do lado mais fraco. O Papa Pio XII, em 1941, queria comemorar os 50 anos da Rerum novarum, mas foi impedido pelos horrores da guerra. Seu discurso foi no sentido de reconstrução de um mundo destruído pela ignorância dos conflitos. Em 1961, João XIII publicou a encíclica Mater et Magistra, comemorando assim, os 70 anos da Rerum novarum. Ele já percebera que a questão social não era somente uma questão operária. Agora atingia dimensões planetárias. O mundo estava em risco por causa da desenfreada disputa pelos recursos do planeta. Fala-se também no fenômeno do subdesenvolvimento. O papa Paulo VI publicou, em 1967 a Populorum progressio que desenvolve a temática do desenvolvimento dos povos como caminho para a paz e a justiça social. É dele uma outra carta apostolica que comemora os oitenta anos da Rerum novarum: Octagesima adveniens, lançada em 1971. João Paulo II não ficou de fora desta bela tradição da Igreja Católica. Sua primeira encíclica social foi a Laboem exercens, publicada em 1981. Para ele a questão do trabalho é fundamental para conduzir ao desenvolvimento e também à paz. É preciso instaurara justiça social nas relaçõs trabalhistas. Ele é quem afirma que a propriedade dos meios deprodução só é legítima na medida em que estimula o trabalho. Muitos procuravam enriquecer por meio da especulação financeira, em detrimento das massas de trabalhadores e mesmo de desempregados. Sua segunda encíclica social, Sollicitudo Rei Socialis", de 30 de dezembro de 1987, comemora o 20º aniversário da Populorum Progressio e isiste com determinação na tese de que é preciso estimuar uma grande corrente de solidariedade internacional. Em 1991 publicou a Centesimus annus, comemorando o cem anos da Rerum novarum. Era ocasião de fazer uma grande revisão de todos os avanços  também dos desafios que se colocavam adiante, já no limear do terceiro milênio. Esta tradição de "reparação social" teve grande repercussão na América Latina, principalmente após 1968, quando a Conferência dos Bispos Latino-americanos, reunidos em Medellín, esboçaram aquilo que dez anos mais tarde, em Puebla, seria sintetizado na expressão programática: "opção preferencial pelos pobres". Este foi o jeito da Doutrina Social da Igreja criar raizes em nossa terra. Muito se disse a favor e contra esta opção da Igreja. O fato é que ela se mostra cada vez mais urgente. Recentemente a Conferência dos Bispos Latino-americanos, reunidos em Aparecida reafirmou a mesma opção. Interessante foi o discurso do papa Bento XVI ao início da conferência. Ele reafirmou a validade desta opção, com as mesmas palavras bíbicas utilizadas por Medellín e, aliás, as mesmas que inspiraram Leão XIII na Rerum novarum: "A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8,9)". Padre Dehon foi um dos sacerdotes que mais se esforçou para divulgar a Doutrina Social da Igreja, no tempo de Leão XIII. Ele costumava dizer que devemos promover o "Reino do Coração de Jesus, nas almas e nas sociedades". Esta é uma belíssima palavra de proclamar que a reparação não é um fato apenas social, mas poderia ser traduzida hoje perfeitamente pela palavra "solidariedade". O pecado original contagiou toda a família humana. A reparação social também poderá contagiar o mundo inteiro pelo mistério da solidareidade.

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